Caminhada da Semana Santa

A Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal

convida-nos a viver uma:

CAMINHADA DE SEMANA-SANTA *

Nenhum caminho será longo… até que nos voltemos a encontrar!

Agora as mãos não se podem tocar.
Os abraços também não se podem dar.
Disseram-nos para ficar em casa.
Fecharam-se esplanadas cinemas e centros comerciais.
Cancelaram-se viagens, encontros e festas.
As escolas não abrem os portões para receber as crianças
Os templos têm as suas portas fechadas
O mundo parece ter ficado em suspenso…
Mas não parou.

O sol continua a vir com cada amanhecer
O tempo com Deus não foi cancelado.
A oração pelos doentes não foi proibida.
Contactar para saber de um amigo,
continua à distância de um telefonema.
Ajudar o próximo, continua sem ter limites.
Ser Igreja, viver em fé e gratidão não foi proibido.

Este ano a caminhada de Quaresma é feita em Quarentena. Quaresma e Quarentena são tempos de resguardo, de espera, de espaço. Este ano mais do que nunca, propomos que a Igreja de Cristo tenha uma atitude de espera activa.

Propomos uma série de reflexões para a Semana Santa. Em cada dia, cada um ou as famílias reunidas, poderão juntar-se durante 30 minutos, para fazerem um culto doméstico. Todos os dias propomos a leitura da Bíblia, uma reflexão escrita, um tempo de oração silenciosa e uma partilha entre todos da Palavra lida. Poderão também escolher cânticos apropriados para preparar o coração para as palavras de Deus e uma. Aproveitemos este tempo de reclusão, para procurarmos a face do nosso Deus. Sugerimos que a pessoa mais nova da casa, faça as perguntas.

Todos nós nos queixamos da falta de tempo, este ano, aproveitemos este tempo, esta espera, este espaço, para longe da agitação e do desassossego procurarmos a voz de a presença de Deus…

5 de Abril – DOMINGO DE RAMOS

Acender 1 vela sobre a mesa e colocar uns ramos/ flores e uma bíblia.

LEITURA: Marcos 11: 1-11

Pergunta: “Porque é que temos 1 vela acesa, ramos e uma bíblia sobre a mesa?

Resposta: “Porque esta semana é a Semana Santa. Daqui a 6 dias é a Sexta-Feira Santa, e a Páscoa está a chegar. Hoje recordamos, como as pessoas ao entrarem em Jerusalém estenderam e aclamaram Jesus gritando: “Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor; Hosana nas alturas.” Estamos no início da caminhada. Neste dia recordamos as multidões que cheias de alegria e esperança aclamaram Jesus à entrada de Jerusalém.”

Nós estamos preparados para a festa, mas nunca para o desastre. Ainda que o sofrimento seja uma realidade da vida, ele surpreende-nos. O futuro incerto, desestabiliza-nos e custa-nos lidar com a dor. Os discípulos estavam a preparar-se para a festa, mas Jesus sabia o que os esperava, e por isso, usou todos dias da semana santa para os preparar para o sofrimento que tinham diante de si.

O Domingo de Ramos é uma preparação para a dor. A única maneira de enfrentarmos a dor, é ter reservatórios de alegria dentro de nós. São os momentos bons, as gargalhadas, a festa, que nos criam resiliência e imunidade para enfrentarmos os dias maus. Por isso meus irmãos, busquemos mesmo nas circunstâncias em que estamos a viver, momentos de carinho, gestos de amor, mensagens de alegria, que nos ajudem a ganhar resistência e ferramentas para a dor que se avizinha. Não estamos a caminhar sozinhos diante deste inimigo invisível, estamos juntos e seguros na mão do ressuscitado.

Diante da semana de medo e sofrimento que se avizinhava, Jesus preparou os seus discípulos com reservatórios de alegria e esperança. Hoje domingo de Ramos, vamos telefonar a alguém, vamos rir com os nossos amigos e família, vamos contar uma piada, partilhar uma mensagem engraçada que recebemos. Quem sabe podemos ligar a alguém com o MESSENGER, o SKYPE, O ZOOM, o HANGOUT, etc. e jantamos em conjunto com os amigos, não estamos perto, mas estaremos juntos.

Oração: Nosso Deus e Pai, hoje sinto que as minhas expectativas foram derrubadas, que os planos foram destruídos, que a minha fé está a ser testada. Senhor, não estava preparado para estes dias de incerteza e dor. Tenho caminhado longe de Ti e por isso não encontro palavras e força para enfrentar esta situação. Já nem sei bem onde ficou a minha confiança no Teu poder, a minha segurança nas Tuas promessas, a minha certeza de que os Teus planos são de bem para mim. Senhor, nestes dias de aflição e desassossego, ampara os meus pés, solta a minha voz, endireita as minhas costas e ajuda-me a cantar mesmo diante do medo: Hosana Senhor, Hosana! Vem Senhor e Salva-me! Hosana! Hosana Senhor! Vem Senhor e liberta-me! Senhor, reconstrói a minha fé, reforça a minha alegria, relembra-me as Tuas bênçãos. Ámen.

6 de Abril – SEGUNDA-FEIRA

Acender a vela ao lado de uma bíblia aberta na oração do Pai-nosso (Mateus 6: 9-13 ou Lucas 11: 1-4) e colocar também um relógio.

LEITURA: Marcos 11: 15-19

Pergunta: “Porque é que acendemos 1 vela ao lado de uma bíblia e de um relógio?

Resposta: Porque esta é a Semana Santa. Daqui a 5 dias é a Sexta-Feira Santa, e a Páscoa está a chegar. Hoje nós recordamos que Jesus expulsou os vendilhões do templo. E disse: “A minha casa será chamada: ‘casa de oração’.

Este gesto de Jesus espantou toda a gente! A ninguém lhe passaria pela cabeça que alguém pusesse em causa, o que ali se passava. O templo era sagrado, tudo o que ali se fazia era para cumprir a lei! Também nós, quando olhamos para os nossos templos, achamos que tudo faz sentido: temos uma arquitectura inspiradora, liturgias ancestrais, hinos que ultrapassaram séculos, rituais que têm significado e sentido. Mas Jesus chamou-nos à essência do culto: Relação com Deus – estar, falar, e escutar.

À beira de um poço, a mulher samaritana pergunta a Jesus: “Os nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.” E Jesus responde-lhe: “Mulher, a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem“. João 4, 21-22

À beira de um poço e no templo de Jerusalém, Jesus diz o mesmo: os verdadeiros adoradores adoram em Espírito e em verdade. Hoje, mais do que nunca, a igreja não é o edifício… somos nós. Onde quer que oremos, aí está a igreja de Cristo. Aproveitemos este afastamento dos templos, para orar. Orar sem cessar.

Todos nós nos queixávamos de falta de tempo e usávamos o tempo como razão, desculpa e justificação para o nosso afastamento de Deus. Olhemos para o relógio e pensemos nos dias que passaram, sem que guardássemos uns minutos para falar ou pensar em Deus. Agora temos tempo. Vamos orar. Orar pedindo a Deus que nos mostre o que podemos fazer com os dias da nossa vida, com este tempo que sobra e com o tempo que nos falta….

Oração: Senhor Te dou graças pelos dias de liberdade e segurança, que vivi sem Te agradecer. Te agradeço por tudo o que tinha e nem reparava, estou grata pelas bênçãos que desfrutava: Te dou graças pela estabilidade, pela saúde, pelo pão de cada dia. Agora Senhor, ajuda-me a remir o tempo, ajuda-me a corrigir o modo como uso meu tempo. Meu Deus Te peço: mostra-me o que posso fazer com estas horas, com estes dias que tenho diante de mim. Ámen.

Hoje, não quero falar, quero orar. Oro para que a mão forte do crucificado segure a todos: aqueles que estão na linha da frente lutando contra o vírus, aqueles que o sofrem, aqueles que o têm por perto… por todos aqueles para quem o vírus já tem nomes, rostos e vidas… Enfim, a todos. Pedro Zamora

MOMENTO PARA CRIANÇAS

Desafio Prático

Materiais: 1 ovo, 1 copo de vidro largo, água, sal.

Colocamos o copo e dizemos: Este copo representa a vida.
Depois pegamos no ovo pomos dentro do copo e dizemos: Este ovo somos nós dentro da vida.
Deitamos a água e dizemos: Na nossa vida às vezes temos tantos problemas, acontecem tantas coisas, que nos sentimos a afundar, nem conseguimos respirar, somos abafados pelos problemas… como nos dias de hoje… como é que vamos sair desta situação? Como é que o ovo pode deixar de estar no fundo? Como ultrapassar as dificuldades?

E deixamos que as crianças dêem as suas respostas.

Dizemos: Sabem qual é a melhor maneira de ultrapassar as dificuldades? De sairmos do buraco e da depressão? A melhor maneira é a oração. Então vamos imaginar que o sal é a oração e vamos orar pedindo a Deus, que nos ajude a sair da situação em que estamos. (vamos deitando sal e mexendo a água, para que o sal se dilua).

Já viram o que está a acontecer… Aos poucos o ovo começa a emergir… Podemos de novo respirar. Todos nós, mesmo no meio das dificuldades, podemos orar, e Deus vai ajudar-nos a levantar e a sair das situações difíceis.

Versículos para todos em casa decorarem:
O Senhor diz: “Chama por mim e responder-te-ei; mostrar-te-ei coisas magníficas, que não conheces.” Jeremias 33:3

7 de Abril – TERÇA-FEIRA SANTA

Acender a vela ao lado da Bíblia e colocar um frasco de perfume. Depois da leitura da Bíblia, perfume o ar à sua volta e deixe o aroma espalhar-se, enchendo a sala.

LEITURA: Marcos 14:3-9

Pergunta: “Porque é que temos 1 vela acesa ao lado de uma Bíblia e de um frasco de perfume?

Resposta: “Porque esta é a Semana Santa. Daqui a 4 dias é a Sexta-Feira Santa, e a Páscoa está a chegar. Hoje nós recordamos a mulher de Betânia que ungiu a cabeça de Jesus, oferecendo-lhe o melhor que tinha: Perfume, caro e raro.”

Aos olhos de todas as pessoas, aquele gesto não fazia sentido… mas a mulher ofereceu a Jesus o melhor que tinha.

Se olharmos com atenção, há pessoas que durante esta quarentena, dão o melhor que têm. Mesmo correndo perigo de vida, os profissionais de saúde, oferecem cuidados médicos, as lojas e supermercados providenciam alimentos, homens e mulheres que nunca quiseram ser heróis recolhem o nosso lixo, lavam as nossas ruas, transportam os nossos alimentos. A polícia e o exército cuidam de nós.

Estranhos, por dever, honra e humanidade oferecem o melhor que têm: a sua vida. A nós, apenas nos é pedido que ofereçamos o melhor que temos: paciência para ficar em casa, força para sair e trabalhar, olhares e gestos de cuidado para ajudar quem precisa. Hoje, como sempre, o evangelho nos pede: “Ama o teu próximo como a ti mesmo!”

Oração:
Senhor, assim como Tu, ofereceste a Tua vida na cruz por cada um de nós, ajuda-nos a darmo-nos em amor uns aos outros. Ajuda-nos a sair do egoísmo e a pensar que somos Tua criação: irmãos responsáveis pela vida do nosso semelhante. Ajuda-nos Senhor a dar aos outros o melhor de nós.

Desafio: Vamos fazer uma oferta sacrificial à Igreja. Que nesta Páscoa, que nos desafia à dádiva e não ao consumismo, cada um possa fazer uma oferta especial à Igreja. Todos nós somos chamados a sermos fiéis à responsabilidade de diaconia, de sustento dos obreiros e dos nossos templos. No primeiro domingo quando voltarmos à nossas comunidades para além do envelope onde estamos a guardar as nossas ofertas dominicais, entreguemos também este envelope da oferta especial de Páscoa.

8 de Abril – QUARTA-FEIRA SANTA

Acender a vela ao lado da Bíblia e colocar algumas moedas em cima da mesa.

LEITURA: Marcos 14: 10-11

Pergunta: “Porque é que está uma vela acesa junto de uma bíblia e de moedas?

Resposta: Porque esta é a Semana Santa. Daqui a 3 dias é a Sexta-Feira Santa, e a Páscoa está a chegar. Hoje recordamos como Jesus foi traído por Judas… Judas, foi aliciado com trinta moedas de prata. Judas deixou que a raiva e a decepção ditassem as suas escolhas. Desiludido, escolheu o caminho fácil do dinheiro, já que ia abandonar um sonho, ia com algo que o ajudasse a ultrapassar o desassossego interno – o conforto da segurança aparente, que nos dão os bens materiais…

Hoje Judas é para nós, o representante por excelência da traição. Todos nós apontamos o dedo a Judas. Mas quantas vezes, não traímos o Deus que proclamamos como Senhor da nossa vida, por preguiça, por comodidade e por interesse próprio?

Nesta semana, Jesus relembra os seus discípulos que a vida também é feita de lutas e perdas. Jesus ensina que o caminho é cheio de dificuldades, de dor, de batalhas e de incertezas…. A vida cristã é um constante rejeitar de coisas simples, fáceis cativantes.

Oração: Nosso Deus e Pai, até estamos dispostos a cantar-te e adorar-te quando a vida corre como queríamos, mas as coisas são bem diferentes quando as nossas expectativas são derrubadas, quando os nossos planos são desafiados e quando a nossa fé é testada.
Estamos ansiosos para receber as Tuas bênçãos, mas relutamos em seguir o caminho da luta e da humildade. Proclamamos-Te como rei, mas hesitamos em oferecer o nosso serviço. Por isso, tantas vezes o nosso compromisso é superficial, egocêntrico e de curta duração, é mais centrado em nós, do que no Teu Reino. Perdoa-nos e, por Tua graça, ajuda-nos a oferecer-Te verdadeira lealdade, para a glória do Teu nome. Ámen.

Desafio: Quais são as desculpas que usas para te afastares de Deus? Pede a Deus que te mostre o que está mal na tua vida e o que precisas de mudar. Pensa durante um tempo sobre isso… Escreve o que te impede de mudar… de servir a Deus nos dias da tua vida…as tuas desculpas… E no fim lê com atenção o que escreveste depois… depois rasga e queima as desculpas, porque a vida é muito mais que desculpas e justificações. Vive a tua vida com propósito e entrega.

“Senhor, não nos detivemos perante os Teus apelos, não despertámos face a guerras injustas e planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do planeta gravemente enfermo. Avançámos destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós sentimo-nos em mar agitado e imploramos: Acorda Senhor” Papa Francisco

Mesmo tendo pressa para voltar ao normal, paremos para considerar, a que parte do normal vale a pena voltar. Dave Hollis

 

9 de Abril – QUINTA-FEIRA SANTA

Acender a vela ao lado da Bíblia e colocar uma taça com água, sabão e uma toalha de mãos.

LEITURA: Marcos 14:22-26; João 13: 2-5, 12-15

Pergunta: “Porque é que acendemos uma vela ao lado da Bíblia e colocámos uma taça com água, sabão e uma toalha?

Resposta: “Porque esta é a Semana Santa. Falta 1 dia para ser Sexta-Feira Santa, e hoje recordamos que Jesus lavou os pés dos discípulos e recordamos que Pilatos lavou as mãos no julgamento de Jesus. Os dois usaram água para lavar… Mas a intenção dos seus gestos foi bem diferente.

Jesus lavou os pés dos discípulos para os preparar para o caminho que eles tinham pela frente. Em breve Jesus ia partir, e por isso Ele lavou os pés destes rudes pescadores, preparando-os para serem pescadores de homens. Este lavar foi de preparação e cuidado.

Pilatos lavou as mãos julgando afastar de si a responsabilidade da condenação de Jesus. Pilatos reage de maneira lógica: o medo faz com que ele se demita e deixe passar ao lado a possibilidade de viver com ousadia: Ele escolheu o caminho fácil e não o caminho correcto.

Hoje pedem-nos que escolhamos o caminho difícil de obedecer, de nos afastarmos e de abandonarmos o que estávamos habituados a fazer. Hoje, temos que cumprir muitas regras que não são fáceis. Uma delas é lavar as mãos. Porquê?

Lavamos as mãos por higiene, como proteção, com cuidado para nos protegermos e para proteger os outros, também nós com coisas simples, estamos a viver com ousadia. Lavamos as mãos por obediência, por responsabilidade.

Jesus obedecendo ao Pai e sentindo responsabilidade pelos seus discípulos, preparou-os para o que havia de vir. Pilatos reagindo ao medo, abriu mão do seu poder de fazer justiça de moldar um futuro melhor. Pilatos escolheu o caminho fácil. Jesus escolheu o caminho difícil. E nós que caminho vamos escolher?

Também nós podemos reagir à situação com medo, podemos reagir com descaso: “Não me vai atingir a mim, o que for terá que ser”… Mas aquilo que Deus nos pede é que cada um de nós aja com responsabilidade e cuidado: Vamos ser proactivos, vamos cuidar e ter cuidado.

Desafio: Vamos hoje durante o jantar usar a Liturgia de Ágape, e vamos prepararmo-nos com a nossa família para o futuro que vem aí.

10 de Abril – SEXTA-FEIRA SANTA

A vela é acesa e posta junto de uma cruz.

LEITURA: Marcos 15:21-39

Pensamento:Perante tal cenário: onde julgamos ouvir os cascos dos cavaleiros do Apocalipse, o ser humano tem, unicamente, dois caminhos: o da desistência, desolada e impotente, chorando o seu destino; ou o da luta, sabendo que só ela pode transformar as trevas em luz.” Anónimo

Silêncio durante uns minutos.

Jesus foi abandonado na cruz. Será que tu sentes que Deus te abandonou? Será que não consegues ver a mão de Deus, na situação que hoje o mundo está a passar? A razão do sofrimento, é a grande pergunta do ser humano.

Porquê? Porque estamos é que estamos a viver esta pandemia? Onde está Deus? Como pode deixar Deus que tantas pessoas morram? Onde está Deus quando as crianças morrem nas praias do mediterrâneo? Onde médicos morrem por fazer o bem e se perde o sustento da família? Diante do sofrimento, apenas a cruz nos dá a resposta. O nosso Deus, é o Deus que se irmana, vive, experimenta connosco a dor. Não é o Deus que de longe nos explica os porquês, é o Deus que se entrega à morte… E por isso na cruz, vemos Jesus sofrendo como todos os homens. Na cruz, Deus é humano, a gritar e a sofrer.

Pensamento:Os outros deuses eram fortes, mas tu foste débil por nós. Os outros deuses chegaram cavalgando, mas tu tropeçaste, cambaleando até ao teu trono. No entanto às nossas feridas humanas, às nossas dores de homem, somente as feridas de um deus poderiam falar. E nenhum deus tem feridas a não seres tu. Tu és o único Deus com feridas.” Edward Shillito

Hino 171 – Quero estar ao pé da cruz
Nunca se inventou nada maior do que a cruz.
A Cruz está feita à medida de Deus, do nosso Deus.
E está feita também à medida do homem.
Fez uma cruz simples o carpinteiro,
sem floreados ou ornamentos.
onde se viam nus os braços,
nus… e direita a madeira.
os braços num abraço até à terra,
e a madeira num grito até ao céu.

Fez uma cruz simples o carpinteiro.
E nela nua coube… crucificado… o Criador do mundo.
Pois nessa cruz simples e nua
coube… crucificada…
a nossa humanidade de barro. A. M.

Oração:
Senhor Jesus, pelo Teu choro de honesto desespero, liberta-nos da fé superficial que teme a escuridão. Quando necessitados, dá-nos coragem para duvidar, para ficarmos furiosos, para interrogarmos, para protestar contra os céus até termos a certeza de que somos ouvidos. Senhor, não procuramos respostas fáceis para os momentos difíceis. Há tantas coisas neste mundo que nos dão essas respostas. Pedimos sim, a Tua graça, a Tua presença, a Tua luz. Porque diante da cruz sabemos, que em todos estes os momentos não choramos sozinhos. Guia-nos nestas trevas até à Tua luz. Ámen.

Andrà tutto bene.. Everything will be alright. Vai ficar tudo bem…
Estas mensagens que têm inundado as redes sociais, estão cheias de pensamentos positivos. Mas a dor não se supera com pensamentos positivos. Para muita gente não vai ficar tudo bem, muitos perderam pessoas amadas, muitos vão perder empregos, sonhos e chão… A nossa esperança vai para além do triunfalismo de que tudo vai ficar bem. A nossa esperança é que em Cristo, mesmo que as coisas não fiquem bem, sabemos que choramos e nos podemos recolher nos braços do Pai.

LITANIA DA PAIXÃO

1 pessoa da família: Desejando o amanhecer, a luz de um novo dia. Eis-nos aqui diante da Tua sepultura.

Todos: Esperamos na escuridão da noite… Onde estás Senhor, agora?

1 pessoa da família: Rola-se a pedra da entrada do sepulcro. Sela-se o túmulo com pedra e silêncio. Onde estás agora, Senhor?

Todos: No sepulcro jaz o Teu corpo, envolto em panos, no meio da escuridão. Onde estás Tu agora, Senhor?

1 pessoa da família: Cá fora algures, está o teu povo. Cansado de tanto chorar. Com corações doridos. Não poderão dormir durante a noite… Onde estás Tu agora, Senhor?

Todos: Nas ruas as crianças já não brincam, os bancos de jardim estão selados, as praças estão vazias. Onde estás Tu agora, Senhor?

1 pessoa da família: E diante da morte dizemos: “Se pelo menos…” Lamentamos a nossa sorte, estamos desorientados. Perdemos Aquele que nos encontrou e resgatou. Choramos, juntamente com todas as Marias deste mundo…

Todos: O mundo suspira e espera… Nós também Te esperamos Senhor…

Apagamos a vela e cantamos na escuridão

Hino 177 – No Calvário ergueu-se uma cruz

11 Abril – SÁBADO SANTO (à noite)

Leitura: Lucas 23: 48 – 56

As mulheres deixam o túmulo…
Depois de uma noite de lágrimas, o amanhecer não trouxe a luz, tudo permaneceu na escuridão – era o sétimo dia, o dia em que Deus descansou de fazer a sua obra – era o dia de não fazer.

As mulheres deixaram o seu Senhor no túmulo, sem sinais de vida ou ressurreição…
Cristo morreu… O mundo parece ter ficado em suspenso…
A vida estava envolta em trevas… e elas esperavam… nem sabiam bem o quê…

Também nós esperamos…
Este é o lugar em que vivemos hoje: um espaço no tempo, em que esperamos terminar o que começou, para começarmos de novo…
Esperamos… esperamos não sabemos até quando…
Esperamos diante de túmulos…

Cristo tinha morrido. Desceram o Seu corpo da cruz, um homem envolveu-o num lençol e depositou-o num túmulo. Hoje recordamos o dia depois da morte do Senhor. Este é talvez o dia mais terrível para quem já perdeu alguém. O dia seguinte. O dia do vazio. O dia do grito de saudade. O dia em que o nada é tudo. O dia do silêncio.

Pergunta: “Porque é que estamos a pôr uma folha branca ao lado da cruz”.

Resposta: “Porque hoje experimentamos a morte de Jesus, e esperamos a ressurreição”.

O que podes fazer em dias como hoje?
Quando a ferida é profunda, e achas que não vai sarar.
Quando o mundo está tão às avessas e parece que não há oração que o repare…
Então o melhor que podes fazer é chorar e gritar.

Inclina a cabeça e chora, chora e grita até perder o fôlego.
Liberta a dor que está lá no fundo e que teima em prender-te à escuridão…
Aos poucos vais sentir-te mais leve.
As lágrimas terão lavado a tua ferida.
E ela vai começar a sarar…

Pouco a pouco… o desespero dá lugar à esperança…
E então, só então… os teus lábios poderão murmurar:
Rabi… (Mestre) Senhor meu Deus…
(Iona Community)

DOMINGO DE PÁSCOA – 12 Abril

Acender a vela e colocar flores junto da cruz. Deixar a Bíblia aberta em cima da mesa.

LEITURA: João 20: 11-18

Pergunta: “Porque é que temos a vela acesa e estas flores?”

Resposta: “Porque hoje é Domingo de Páscoa, o primeiro dia da semana. Hoje recordamos que o Senhor Jesus ressuscitou dos mortos e nos oferece vida: vida eterna, vida diferente, vida de abundância. A luz simboliza a vida eterna que já temos com Jesus: a luz que vence o mal, que ilumina o nosso caminho. As flores simbolizam a esperança da abundância dos frutos que nascerão.

Páscoa, é a notícia da vitória do mal sobre o bem, da vida sobre a morte, da esperança sobre o medo. Usa o papel branco que ontem puseste junto da cruz e escreve uma carta a ti próprio para abrires na Páscoa de 2021. Nessa carta expressa os teus medos, os teus desejos, as coisas que gostarias de mudar e que gostarias de manter. Guarda esta carta e ora pedindo a bênção de Deus sobre para o mundo. Hoje é Domingo de Páscoa. Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou! Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou! Cristo ressuscitou! Verdadeiramente ressuscitou!

“Março e Abril de 2020. As ruas estavam vazias, as lojas fechadas, as pessoas não podiam sair. Mas a primavera não sabia, e as flores começaram a florir, o sol brilhava, os pássaros cantavam, as andorinhas não tardariam a chegar, o céu estava azul e a manhã chegava mais cedo.

Era Março e Abril de 2020. Os jovens estudavam online e arranjavam com o que se ocupar em casa. As pessoas não já não podiam ir aos centros comerciais, nem tão pouco ao cabeleireiro. Dentro, em breve, não haveria mais vagas nos hospitais, e as pessoas continuavam a adoecer. Mas a primavera não sabia. As flores abriam-se e a erva estava cada vez mais verde.

Era Março e Abril de 2020. As pessoas foram postas em confinamento para proteger os avós, famílias e crianças. Acabaram-se as reuniões e refeições em família. O medo tornou-se real e os dias eram todos iguais. Mas a primavera não sabia. As macieiras e cerejeiras e todas as outras árvores começaram a florir e as folhas cresceram.

As pessoas liam, jogavam em família, cantavam nas varandas e convidavam os vizinhos a fazerem o mesmo. As pessoas aprenderam uma língua nova: a serem solidárias e concentraram-se noutros valores. As pessoas aperceberam-se da importância da saúde, do sofrimento, deste mundo que tinha parado, da economia que tinha tombado. Mas a primavera não sabia. As flores deram lugar aos frutos, os pássaros fizeram os seus ninhos, as andorinhas chegaram.

As Igrejas estavam fechadas e as pessoas oravam em casa. Não havia celebrações, nem cultos de vigília, de paixão ou de ressurreição… mas de alguma forma, Deus tornou-se mais presente na vida das pessoas.

Não houve almoços de família, mas as famílias amaram mais. Não houve compras, nem passeios, nem viagens, mas as pessoas agradeceram aos caixas dos supermercados, bateram palmas aos homens do lixo, sorriram com gratidão ao rapaz das entregas. As pessoas viviam longe umas das outras… mas estavam tão unidas…

A Primavera não sabia, mas o Domingo de Páscoa chegou, diferente e singular, vazio de coisas, mas tão cheio de sentimentos, de cuidado, de entrega e abnegação.

Então o verão chegou… porque a primavera não sabia…Mas ela continuou lá apesar de tudo. Apesar do vírus, apesar do medo, apesar da morte. Porque a primavera não sabia, mas este ano, a Páscoa, relembrou de novo às pessoas o poder da Vida.

Por mais que me persigas.
Por mais que digas: que me torces, que me quebras
Que me rasgas e me cegas
Resistirei.
Talvez assim tão sozinho como nunca,
Ou talvez como nunca, junto dos meus.
R.G.C.

Interessante que os textos da bíblia que foram propostos para a semana santa, são textos que nos falam de expectativas frustradas e contrariedades. As pessoas esperavam uma coisa e a realidade aconteceu de uma outra forma.

Tal como nos dias de hoje, todos nós tínhamos planeado uma Páscoa muito diferente da que estamos a viver. E por isso olhemos estes textos do Evangelho, como uma oportunidade única de mudança e transformação.

Olhemos para os textos sem a tradição, os hábitos e os rituais e estejamos abertos a que eles nos falem nos dias em que vivemos…

Hino 170 – Quando o Senhor nos libertar do cativeiro

Desafio Final: Na próxima semana, leia o Evangelho de Marcos e deixe que as palavras de Cristo lhe indiquem o caminho

 

Foi bom caminhar em conjunto! Continuemos juntos!

*Caminhada preparada por: pastoras Cacilene Nobre, Sandra Reis, Maria Eduarda Titosse

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